Charles Robert Darwin nasceu na cidade inglesa deShrewsbury, no dia 12 de fevereiro de 1809. Foi o 5º filho entre 6 irmãos. Seu pai, Robert Darwin, era médico, seu avô paterno era Erasmus Darwin, e seu avô materno era Josiah Wedgwood, ambos pertencentes à proeminente e abastada família Darwin-Wedgwood e à elite intelectual da época; aos 8 anos de idade Darwin perdeu sua mãe, Susannah Darwin.
No ano de 1825 ele foi estudar medicina na Universidade de Edimburgo, porém, impressionado com a brutalidade das cirurgias da época, se recusou a continuar seus estudos. Na universidade ele conheceu um ex-escravo negro, John Edmonstone, que lhe ensinou a técnica da taxidermia. Darwin ficava maravilhado com as histórias que John lhe contava sobre as florestas tropicais da América do Sul e suas riquezas em biodiversidade, e a paixão pela natureza já começava a aflorar no jovem Charles.
No segundo ano de faculdade Charles Darwin participa de inúmeras entidades para naturalistas (biólogos), e acaba se tornando um pupilo de Robert Edmund Grant, um pioneiro no desenvolvimento das teorias de Jean-Baptiste Lamarck e sobre a evolução de características adquiridas.
Em 1827 abandona de vez a medicina, e seu pai o matricula no curso de Bacharelado em Artes, para que ele se tornasse um clérigo. Ao invés de estudar, ele passa as tardes em bosques coletando vários espécimes que encontrava. Seu primo, William Darwin Fox, o apresentou ao reverendo John Stevens Henslow, professor de botânica e especialista em besouros que, mais tarde, viria a se tornar o seu tutor. Darwin ingressou no curso de história natural de Henslow e se tornou um de destaque. Durante esta época, Darwin se interessou pelas idéias de William Paley, em particular, a noção de projeto divino na natureza.
Quando Darwin tinha 22 anos, o reverendo Henslow recomendou que Darwin fosse o acompanhante de Robert FitzRoy, capitão do barco inglês HMS Beagle, em uma expedição de dois anos que deveria mapear a costa da América do Sul. Ao aceitar, Darwin não embarcou sozinho na viagem, com ele embarcou toda a humanidade em uma viagem que nos levaria ao nosso próprio passado.
A VIAGEM DO BEAGLE
Durante 4 anos e 9 meses Charles Darwin percorreu inúmeros países, e teve a oportunidade de conhecer muitas pessoas, entre nativos e colonos. A América do Sul lhe proporcionou grande material de estudo, aqui ele pode observar várias características geológicas, descobriu inúmeros fósseis de animais extintos, coletou várias plantas e animais até então desconhecidos pela ciência, e pode observar animais similares com algumas características físicas diferentes em virtude da região em que viviam. Todas estas observações o deixaram muito intrigado e, na primeira edição de "A Viagem do Beagle", ele explicou a distribuição das espécies à luz da teoria de Charles Lyell de "centros de criação".
Em edições posteriores ele já dava indicações de como via a fauna encontrada nas Ilhas Galápagos como evidência para a evolução: "é possível imaginar que algumas espécies de aves neste arquipélago derivam de um número pequeno de espécies de aves encontradas originalmente e que se modificaram para diferentes finalidades". Após a viagem Darwin ficou doente, com vários tremores pelo corpo, além de palpitações e outros sintomas. Em 1960 foi sugerido que ele havia contraído doença de Chagas enquanto esteve na América do Sul, porém especialistas nessa doença indicam que não há concordância dos sintomas de Darwin com os da doença. Outras possíveis causas incluem problemas psicológicos e a doença de Ménière.
DARWIN NO BRASIL
Darwin fez uma parada no arquipélago de Cabo Verde, onde registrou minuciosamente suas observações e se impressionou com o arquipélago brasileiro de São Pedro e São Paulo, antes de passar por Fernando de Noronha. Mas foi no Rio de Janeiro, especialmente por uma incursão de alguns dias pelo interior, que pôde sentir a diversidade da Natureza que deveria conhecer antes de, inteiramente contra a vontade, tornar-se um evolucionista. O jovem naturalista fica simplesmente maravilhado com a natureza, e diz que as riquezas naturais do Brasil fariam com que um europeu lambesse as botas de um brasileiro. Porém algo o incomoda e o entristece profundamente, a escravidão.
Enquanto ele se maravilhava com nossos animais e plantas, ficava profundamente envergonhado em ver como os negros eram tratados aqui. Em uma expedição ouviu uma história de um quilombo formado por escravos fugitivos que foi invadido por soldados que foram recuperar os escravos para os fazendeiros, todos os negros se renderam, menos uma senhora já idosa, que se atirou de um penhasco. Disse Darwin que se tal ato fosse feito por uma européia branca seria visto com um grito de liberdade, mas praticado por uma negra escrava foi visto como um ato de brutalidade.
Em outra situação o grupo de Darwin cruzava um rio, provavelmente o Rio Macaé, conduzido por um negro, quando outra cena relacionada à escravidão chocou Darwin profundamente. O negro tinha alguma dificuldade de comunicação, o que fez com que Darwin tentasse comunicar- se com ele por mímica e outros sinais. Num desses movimentos, conta ele, suas mãos passaram próximo ao rosto do homem, levando-o a acreditar que Darwin estava enraivecido por alguma razão e iria golpeá-lo. O escravo então baixou suas mãos, fechou os olhos e se colocou em prontidão para ser agredido. Darwin relata o profundo sentimento de surpresa, desconforto e vergonha que se apoderara dele e que jamais iria esquecer. Disse ele: “O Brasil é lindo, mas Deus queira que eu nunca mais visite uma nação escravocrata”.
A TEORIA DA ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES
Enquanto Darwin estava na expedição com o Beagle, o reverendo Henslow cuidadosamente cultivou a reputação de seu antigo pupilo fornecendo a vários naturalistas os espécimes fósseis e cópias impressas das descrições geológicas que Darwin fazia.
Nesse momento, já famoso e em condições de arcar financeiramente com suas pesquisas, Charles Darwin começa a enviar seus espécimes coletados a vários especialistas, juntando todos os artigos publicados por eles. Darwin começa então a trabalhar em sua teoria secreta, pois ele acreditava firmemente que todos os seres vivos são resultados de um processo evolutivo, mas como divulgar essa idéia em uma sociedade totalmente influenciada pela igreja? Darwin sabia que suas idéias seriam repugnadas por muitos, a ao pensar nisso sua saúde se deteriorava, uma das suas piores crises aconteceu quando um amigo lhe disse que com sua teoria ele, Darwin, estava assassinando Deus.
Após alguns anos se casa com sua prima Emma Wedgwood. Darwin era agora um eminente geólogo no meio científico formado por clérigos naturalistas, com uma renda segura e trabalhando secretamente em sua teoria. Ele tinha muito a fazer, escrevendo sobre todos os seus achados e supervisionando a preparação dos vários volumes da "Zoologia" que deveriam descrever as suas coleções. Ele estava convencido da ocorrência da evolução mas, desde muito tempo, sempre esteve consciente de que a ideia de transmutação de espécies era vista como uma blasfêmia, bem como era associada com agitadores democráticos radicais na Inglaterra; portanto, a publicação de suas ideias poderia significar a demolição de sua reputação e, consequentemente, a sua ruína.
Darwin temia publicar a teoria de forma incompleta considerando o fato de que as suas idéias sobre evolução poderiam ser altamente controversas se, de fato, alguma atenção fosse dada a elas. Outras idéias sobre evolução , especialmente o trabalho de Jean-Baptiste Lamarck, tinham sido consistentemente rejeitadas pela comunidade científica britânica e foram associadas à noção de radicalismo político. A publicação anónima de "Vestígios da História Natural da Criação" (Vestiges of the Natural History of Creation
) em 1844 gerou outra controvérsia sobre radicalismo e evolução e foi severamente atacada pelos amigos de Darwin, o que assegurava que nenhum cientista de reputação iria querer estar associado com tais idéias.
Darwin encontrou uma resposta para o problema de como gêneros divergem ao fazer uma analogia com as idéias de divisão de trabalho na indústria. Variedades especializadas de um gênero, ao encontrarem nichos nos quais sua especialização é mais útil, forçariam a diversificação em espécies. Ele experimentou com sementes, testando a sua habilidade de sobreviver à água salgada, para determinar se uma espécie poderia se transferir para uma ilha isolada pelo mar. Ele também passou a criar pombos para testar a sua hipótese de que a seleção natural era comparável à "seleção artificial" usada por criadores de pombos.
Foi então que, na primavera de 1856, Lyell leu um artigo sobre a introdução de espécies escrito por Alfred Russel Wallace, um naturalista trabalhando em Bornéo. Ciente da similaridade entre este trabalho e o de Darwin, Lyell pressionou Darwin para que publicasse o quanto antes a sua teoria, de forma a estabelecer precedência.
Darwin então se decide por publicar seu livro, com o apoio da esposa que temia que eles não se reencontrassem após a morte, pois certamente Darwin passaria a eternidade no inferno.
No ano de 1959, sob o título de “A Origem das Espécies” é publicado o livro que mudaria os rumos da ciência. O estoque de 1250 cópias se esgotou rapidamente. Naquela época, o termo "evolucionismo" implicava criação sem intervenção divina e, por isso, Darwin evitou usar as palavras "evolução" ou "evoluir", embora o livro terminasse anunciando que "um número incontável das mais belas e maravilhosas formas evoluíram e estão evoluindo". O livro só mencionava brevemente a idéia de que seres humanos também deveriam evoluir tal qual outros organismos. Darwin escreveu de forma propositadamente atenuada que "luz será lançada no tocante à origem do homem e sua história".
REAÇÃO A TEORIA
O livro de Darwin iniciou uma controvérsia pública que ele acompanhou atentamente, obtendo cortes de jornais de milhares de resenhas, críticas, artigos, sátiras, paródias e caricaturas. Críticos foram rápidos em apontar as implicações não discutidas no livro de que "homens fossem descendentes de macacos" ("men from monkeys"). Entretanto, houve resenhas favoráveis, entre elas, uma publicada no The Times escrita por Huxley que incluía críticas a Richard Owen, um expoente do meio científico que Huxley estava tentando "destronar". Owen pareceu inicialmente neutro mas então escreveu um artigo condenando o livro.
O corpo científico da Igreja da Inglaterra, incluindo os antigos tutores de Darwin em Cambridge, Sedgwick e Henslow, reagiu contra o livro, embora ele tenha sido bem recebido por uma nova geração de jovens naturalistas. Foi quando sete ensaios e resenhas feitas por sete teólogos anglicanos liberais declararam que milagres eram irracionais e atraíram a atenção para si, desviando-a de Darwin.
ÚLTIMOS ANOS DE VIDA
Apesar dos sucessivos problemas de saúde que acometeram Darwin nos seus últimos vinte e dois anos de vida, ele continuou trabalhando avidamente, passando a se dedicar aos aspectos mais controversos do seu "grande livro" que ainda estavam por ser completados: a evolução da espécie humana a partir de animais mais primitivos, o mecanismo de seleção sexual que poderia explicar características de não tão óbvia utilidade além de mera beleza decorativa, bem como sugestões para as possíveis causas subjacentes ao desenvolvimento da sociedade e das habilidades mentais humanas. Seus experimentos, pesquisa e escrita continuaram.
Darwin morreu em Downe, Kent, Inglaterra, em 19 de abril de 1882. Ele deveria ter sido enterrado no jardim da igreja de St Mary em Downe, mas atendendo ao pedido de seus colegas cientistas, William Spottiswoode (Presidente da Royal Society) cuidou para que ele tivesse um funeral de estado e Darwin foi enterrado na abadia de Westminster próximo a Charles Lyell, William Herschel e Isaac Newton.
A teoria de Darwin de que evolução ocorreu por meio de seleção natural mudou a forma de pensar em inúmeros campos de estudo, da Biologia à Antropologia. Seu trabalho estabeleceu que a "evolução" havia ocorrido não necessariamente por meio das seleções natural e sexual (isto, em particular, só foi comumente reconhecido após a redescoberta do trabalho de Gregor Mendel no início do século XX e o desenvolvimento da Síntese Moderna). Outros antes dele já haviam esboçado a ideia de seleção natural: em sua vida, Darwin reconheceu como tal os trabalhos de William Charles Wells e Patrick Matthew que ele (e praticamente todos os outros naturalistas da época) desconheciam quando ele publicou a sua teoria. Contudo, é claramente reconhecido que Darwin foi o primeiro a desenvolver e publicar uma teoria científica de Seleção Natural e que trabalhos anteriores ao seu não contribuíram para o desenvolvimento ou sucesso da Seleção Natural como uma teoria testável.
“A TEORIA DA ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES É A MAIOR IDÉIA INDIVIDUAL JÁ CRIADA PELO PENSAMENTO HUMANO”.
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